Advertência: essa é uma obra de fricção. Qualquer semelhança com fatos, pessoas e situações reais é de responsabilidade do próprio leitor.
No carnaval do primeiro ano do seu terceiro mandato o presidente L se fantasiou de odalisca e viajou para o Egito cantando Ê Faraó, Faraó. De lá pegou o bloco Rainha do Sabá e deu um pulo na Etiópia onde um espirito burlão tomou conta de sua língua em uma coletiva para a imprensa em que declarou: O que está acontecendo com o povo palestino em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico. Aliás, aconteceu sim, quando Hitler resolveu matar os judeus.
Na continuidade, ao ser perguntado sobre a morte de Navalny, opositor de presidente RasPutin que foi envenenado várias vezes e amargava uma prisão política no ártico, onde faleceu após uma “caminhada”, L declarou que era precipitado tirar conclusões, iria esperar o laudo da autópsia das… autoridades russas.
A fala do presidente burlão não foi entendida no contexto do carnaval, que é basicamente uma festa de inversão: homem se fantasia de mulher, rico de mendigo e pobre de sheik. O país dos judeus – povo vítima de um programa de exterminação que gerou a palavra genocídio – ser travestido de Hitler na fala de L, caiu como um coquetel Molotov no já inflamado Oriente Médio. E L, que aspira a um protagonismo de pacificador na arena internacional, juntou-se aos Hutis do Iêmen e ao Hezbollah do Líbano, como agente incendiário do Irã.
O chanceler israelense chamou o embaixador brasileiro e levou-o a uma visita ao museu do holocausto. Declarou o presidente burlão persona non grata e exigiu desculpas. O governo brasileiro achou isso uma afronta. Uma mijada dessas, ainda feita em hebraico, não aconteceu em nenhum outro momento da história, declarou o assessor especial Zero Aidemim. Israel alegou que havia intérprete durante a mijada, faziam questão que o embaixador entendesse direitinho a mensagem.
O presidente L ficou indignado com tamanho barulho por uma fala sua. Está acostumado à, de vez por outra, falar Merda, sem maiores consequências. Pensou até na possibilidade de declarar guerra se a coisa continuasse em escalada. Foi consultar, como quem não quer nada, as Forças Armadas.
— Pode tirar o cavalinho da chuva — disseram os milicos — até o B, que era dos nossos, a gente deu um para-te quieto nele quando aventou mandar tropas contra a Venezuela. Imagina, guerrear contra o exército que a gente mais admira no mundo.
L saiu da reunião cabisbaixo e a coisa piorou depois de uma conversa que teve com o chanceler norte americano em que ouviu mais uma reprimenda (em inglês). Ah que saudades do Obama, pensou, lembrando-se de quando foi chamado por ele de O Cara. Mas logo se animou novamente. O assessor Aidemim veio correndo com a boa notícia: o Aiatolá Ali Cumeu Ine lhe outorgou o prêmio funcionário do mês do Eixo da Resistência.
Continuará escalando o incidente entre as duas nações? Aprenderá o presidente L a manter o espirito burlão longe de suas falas?
Não perca no próximo episódio de A Casa do Baralho.